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"Twitter chinês" adota sistema de pontução para controlar usuário

4 jun 2012 - 10h02
(atualizado às 11h06)
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A partir de agora, os usuários do Weibo, o Twitter chinês, terão que enfrentar um novo tipo de controle sobre seus comentários: a carteira de pontos, que foi instaurada na rede social para vigiar o fluxo de informação da internet e limitar a difusão de "rumores".

A medida adotada pelas autoridades chinesas é similar a usada para controlar os pontos das de motoristas. Desta forma, todas as pessoas que utilizam Weibo, mais de 300 milhões, terão um crédito de 80 pontos que será reduzido caso cometam alguma das "infrações" estipuladas pelos administradores, como "divulgar rumores ou segredos de Estado".

O usuário que superar o limite estipulado terá suspensa sua conta e, com isso, sua atividade na citada rede social. De acordo com as autoridades, o novo sistema tem o propósito expresso de evitar "a difusão de rumores que compromete a ordem ou a estabilidade social" da China.

A difusão de um comentário que representa uma infração terá especial relevância, já que o número de pontos que serão diminuídos será equivalente ao de quantas vezes a citada publicação foi compartilhada (ou seja, copiado e publicado em outros perfis).

As condecorações e os símbolos por penalização não faltam neste sistema, onde existem "usuários de alto" e de "baixo crédito". Os pontos, que vão aparecer em seus perfis, terão distinções entre positivas e negativas, como um símbolo de um triângulo com uma pequena exclamação em seu interior.

A rede social chinesa também não permite que o usuário mude sua condição, um fato que depende do tempo que o usuário manteve um "bom comportamento". De 0 a 60 pontos, por exemplo, o usuário precisaria de dois meses "sem infrações" para recuperar a totalidade de seu crédito.

No primeiro dia desta nova medida, os comentários dos usuários na Weibo foram muito variados.

Enquanto alguns pediam aos demais para "ter cuidado ao falar" na rede social e consideravam que o sistema era "para crianças", outros se mostravam a favor da nova imposição da página já que, em sua opinião, "as pessoas que publicam rumores na internet prejudicam a ordem pública". Já quem possui esse hábito, terá que passar a publicar coisas "boas" para ter seus pontos devolvidos.

"O futuro da China vai se dividir em duas partes: os que usam as redes sociais para falar dos erros da sociedade chinesa e os que se dedicam a controlar essa nova medida", declarou um internauta.

O controle sobre os serviços de microblog foi passando por algumas etapas até chegar nesta medida. A divulgação de disparos na Praça da Paz Celestial e em Zhongnanhai (residência dos líderes comunistas e sede do Executivo), por exemplo, deixou o serviço de comentários da rede paralisado durante vários dias "para limpar os rumores".

O regime comunista também respondeu esse ato com a prisão de seis pessoas, o fechamento de 16 sites e, finalmente, o fim do anonimato dos usuários nas redes sociais.

Esta última medida instaurada na Weibo ocorre em um momento muito tenso para o Governo chinês, que vive a ansiedade da transição de poder - que supostamente deverá ocorrer em outubro -, além da recente destituição de um de seus líderes mais carismáticos, Bo Xilai, e do caso em destaque na mídia da fuga do dissidente Chen Guangcheng.

EFE   
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