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Primeiro mês do Facebook foi 'desastroso', diz analista

18 jun 2012 - 14h24
(atualizado às 14h30)
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Ismael Cardoso

O Facebook começou a negociar suas ações na bolsa há exatamente um mês, em uma das aberturas de capital mais aguardadas dos últimos tempos. E mais "desastrosas" também, segundo o professor de Finanças da Fundação Getúlio Vargas, Samy Dana. "As pessoas exageraram muito na expectativa e pagaram mais do que deveriam, e agora têm que arcar com o prejuízo", avalia.

O CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, "tocou o sino" da Nasdaq há um mês
O CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, "tocou o sino" da Nasdaq há um mês
Foto: Divulgação

O "desastre" aconteceu depois que o tão aguardado maior IPO das empresas de internet encerrou o primeiro dia na bolsa com o preço da ação praticamente estável. Trinta dias depois, a negociação dos papeis do Facebook vêm acumulando perdas de cerca de 20% com relação aos US$ 38 da estreia, polêmicas entre as empresas envolvidas na abertura de capital e muita desconfiança sobre o futuro da rede social.

Para Dana, no entanto, o desempenho ruim na bolsa não significa que o Facebook vai mal como empresa. "O cenário internacional mudou as expectativas para o futuro, e isso mudou muito o preço da ação do Facebook. Ações de internet variam muito de acordo com o potencial futuro. Qualquer deslize pra cima ou pra baixo muda muito o preço", afirmou.

Esses deslize, para Dana, foi o cenário internacional no momento de abertura de capital, que também ajudou a agravar o mau desempenho do Facebook. "A economia americana estava começando a ir bem, mas o agravamento da crise na Europa ajudou a puxar para baixo", disse. "A aposta era muito alta, e a mudança no cenário afetou muito negativamente", resume o professor da FGV.

Perdas e polêmicas
A entrada do Facebook na bolsa foi cercada por perdas e polêmicas. A primeira delas surgiu junto com a abertura do pregão, quando um defeito na Nasdaq fez com que várias corretoras não conseguissem finalizar seus pedidos para compra de ações. Logo depois do fechamento, rumores indicavam que os papéis da companhia só fecharam em US$ 38,23 por preção dos bancos, com o objetivo de manter o preço pelo menos estável. Os bancos teriam agido agressivamente para que o preço das ações do Facebook não fechasse o dia abaixo dos US$ 38, valor estipulado pela companhia para os papéis em sua oferta inicial de ações.

Além disso, segundo informou a Reuters dias depois do IPO, o banco Morgan Stanley teria revisto para baixo as estimativas de resultados do Facebook, mas só teria avisado a alguns investidores, quando todos deveriam ter recebido essa informação. A expectativa de crescimento da rede social estava sendo reduzida por causa do aumento dos usuários da rede através de dispositivos móveis - plataforma na qual o Facebook não consegue ainda gerar receita -, fato reconhecido pelo próprio CEO da companhia, Mark Zuckerberg.

Esse fato levou investidores a processarem o Facebook e o Morgan Stanley, principal coordenador da oferta pública inicial, que afirmaram que os réus esconderam previsões rebaixadas de crescimento da rede social antes do IPO de US$ 18 bilhões. A Nasdaq ofereceu US$ 40 milhões em compensações aos investidores, mas o próprio Facebook acabou entrando com uma ação contra a bolsa, quando na última sexta-feira protocolou um documento em uma corte de Nova York para unificar as reclamações sobre o IPO.

Enquanto isso, notícias sobre as perdas causadas pelo IPO do Facebook na indústria não param de aparecer. As perdas dos bancos e corretoras devido à estreia da rede social na pode ser maior do que US$ 200 milhões, segundo Thomas Joyce, presidente-executivo da Knight Capital Group. Porém, somente o banco suíço UBS pode ter perdido mais de US$ 350 milhões devido ao IPO e estaria preparando uma ação legal contra a Nasdaq, afirmou a rede de TV americana CNBC.

Mas não são só investidores, bancos e corretoras que registram perdas após o IPO do Facebook. Com a desvalorização das ações do Facebook, o CEO da companhia acabou deixando a lista dos 40 mais ricos do mundo elaborada pela Bloomberg. No dia da abertura de capital do Facebook, quando as ações encerraram o dia cotadas a mais de US$ 38, a fortuna do criador do Facebook chegou a US$ 19,4 bilhões. No fim de maio, no entanto, a fortuna de Zuckerberg caiu para US$ 14,4 bilhões.

Fonte: Terra
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