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Veja casos, riscos e dicas para entrar na onda do social commerce

6 ago 2012 - 05h02
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Roseli Andrion
Direto de Londres

Não há dúvidas de que o comércio social já está acontecendo. É preciso, portanto, estar preparado para participar dele. Veja dois casos de compras via social commerce - uma foi um problema, outra teve final feliz - e dicas para embarcar nessa onda com segurança.

Luísa Pinheiro mostra o sapato comprado via indicação em um grupo na rede social: final feliz
Luísa Pinheiro mostra o sapato comprado via indicação em um grupo na rede social: final feliz
Foto: Divulgação

» Social commerce: quando o amigo ajuda a decidir a compra na web

O jornalista Marcos Gomes acabou tendo problemas em uma compra há cerca de um mês. Frequentador assíduo do Facebook, Gomes tem quase 1,2 mil amigos na rede social. Certo dia, recebeu uma mensagem de um 'vendedor de livros esgotados'. Embora não fosse seu amigo, Gomes achou que seria tranquilo fazer negócio com ele - até porque, a Editora 21, que o usuário dizia representar, tinha uma página no Facebook e ela parecia verdadeira. "Eu disse a ele que livros procurava e ele me disse que conseguiria pra mim. Pela comodidade, acabei fechando negócio com ele e fazendo um depósito em sua conta corrente para que ele me enviasse os livros", lembra.

Só que os livros não chegaram no prazo de três dias, como prometido pelo vendedor. Gomes esperou mais uma semana e, sem notícias, decidiu consultar a página da editora no Facebook em busca de informações. E aí veio a surpresa. "Havia mais de uma dezena de pessoas reclamando e o vendedor dizia que havia sido hackeado, mas que devolveria o dinheiro dos clientes. Papo de estelionatário!", indigna-se.

E os problemas continuaram: Gomes acredita que, além de perder o dinheiro depositado para o falso vendedor, teve seu computador invadido por um vírus enviado por ele. "Logo depois da negociação com ele, meu computador foi infectado por vírus, mas não associei as duas coisas até saber que tinha sido vítima de golpe." Gomes prestou queixa na Delegacia de Delitos Cometidos por Meios Eletrônicos (do Departamento Estadual de Investigação Criminal, o DEIC, em São Paulo), mas não conseguiu uma solução para o caso. "O mais engraçado é que, mesmo tendo levado dados pessoais do golpista - como nome completo, conta bancária e CPF -, eles me disseram que não podem fazer nada. Apenas me deram conselhos sobre a compra online", lamenta.

A reportagem do Terra procurou a Editora 21 para saber se a empresa está ciente do golpe aplicado em seu nome, mas não teve retorno. Três dias depois do pedido de esclarecimento, o site da empresa estava fora do ar. Ao tentar contato via telefone, a resposta da operadora era: 'este número de telefone não existe ou está fora de serviço'.

Não foi a primeira vez que Gomes comprou artigos pelo Facebook. Ele já havia comprado um livro de um amigo e uma apostila de um professor de história. Em ambos os casos, fez o pagamento por meio de depósito em conta corrente e não teve problemas. Gomes diz que vai continuar praticando o social commerce, mas com um pouco mais de cautela. "Agora, só vou comprar de gente que eu conheço. Eu costumo, inclusive, recomendar os vendedores com quem fiz negócio. E há muita coisa legal à venda, como quadros, artesanato, livros, artigos culturais e afins."

Um final feliz

Nem sempre as compras via redes sociais são um pesadelo. Em lua-de-mel com o comércio social, a assessora de imprensa Luísa Pinheiro acaba de fazer sua primeira compra via Facebook: um par de sapatos usado. Ela participa de um grupo fechado dentro da rede social que reúne pessoas que vendem itens novos ou usados. "Há algum tempo uma amiga me convidou para entrar no grupo. Eu sempre paquerava um monte de coisa, mas nunca coincidia de ser do meu tamanho", conta.

Luísa diz que, nesse grupo, as pessoas só entram se forem indicadas por algum participante e que devem ser aprovadas pelo moderador. "Acho que isso minimiza as chances de dar errado." Outro fator que ajudou muito no sucesso da compra foi a forma de pagamento e entrega do produto escolhida por vendedora e compradora: pessoalmente. "Como as duas moram em SP, combinamos de nos encontrar em uma estação de metrô. Peguei o produto e fiz o pagamento. Confesso que ficaria meio apreensiva se eu tivesse feito um depósito e acredito que a ansiedade só passaria depois que o sapato chegasse", conta.

Ela diz que a "experiência foi excelente e com certeza comprarei de novo, caso apareça alguma peça interessante". Mesmo assim, sabe que há cuidados a serem tomados. "Uma dica é ter os mesmos cuidados que se tem em sites de compra, venda e leilão: procurar conseguir referências, recomendações e indicações do vendedor. É importante investigar se ele teve algum problema e principalmente se outras pessoas compraram com ele", ensina.

Para Luísa, o comércio social é uma possibilidade muito interessante dentro do Facebook. "Hoje em dia, a gente usa as coisas muito pouco. Outras vezes, compramos por impulso, não usamos e ficamos com um produto parado. Pelo Facebook, tanto o anúncio do produto como a comunicação entre compradores e vendedores são bem simples." Ela gostou de finalizar a transação iniciada online pessoalmente. "Consegui ver o sapato para ter certeza de que me servia e estava em bom estado. Paguei a vista e evitei possíveis desgastes." O encontro entre Luísa e a vendedora foi numa estação de metrô, um local público, em que a chance de acontecer algum ataque ou assalto também é pequena.

Prevenção

Segundo os especialistas, Gomes foi vítima de um golpe porque não tomou cuidados básicos ao fazer uma compra no Facebook. "Os riscos são os mesmos de qualquer operação de e-commerce", diz Thomas Messett, editor-chefe global da Nokia. "É importante que o consumidor opte por empresas que já conhece e prefira meios de pagamento confiáveis e rastreáveis."

Leslie Orsioli, presidente da We Are Social (www.wearesocial.com.br) no Brasil, enfatiza que o Facebook é um ambiente bastante seguro e que a plataforma nunca é responsável pela coleta de dinheiro dos usuários. "A operação de pagamento acontece no ambiente da própria loja que está fazendo a venda - seja via aplicativo ou via um espelho dessa loja." E, no caso, de compra e venda entre usuários, o meio de pagamento é definido por eles, sem qualquer interferência do Facebook.

Outra regra a ser seguida nas redes sociais é a prática da desconfiança. "Apesar de todo mundo parecer ser muito simpático e bonzinho no Facebook, isso nem sempre é verdade", enfatiza Ghassan Dreibi, gerente de desenvolvimento de negócios de Borderless Networks da Cisco. "Essas pessoas podem ser hackers em busca dos seus dados pessoais e bancários." Dreibi diz que os pontos mais importantes a serem observados no momento da compra são:

Domínio da empresa: é fundamental que o domínio não mude a cada etapa do processo. Por exemplo, quem compra no Submarino, vai ver o domínio www.submarino.com.br. Se em algum momento esse domínio mudar para algo como www.submarino.wp.com.br, já é hora de desconfiar.

Página segura: as páginas seguras começam sempre com https em vez de http e têm, ainda, um cadeado no início do endereço eletrônico da página. Assim, quando chegar à seção em que o sistema pede os dados do seu cartão de crédito, vale confirmar que o https está lá no início do endereço.

Certificações: todas as páginas seguras e que coletam pagamentos são certificadas por autoridades certificadoras - há várias delas e o consumidor por fazer uma pesquisa rápida no Google caso não conheça a autoridade que aparece na página em que está fazendo a compra. Procure essa informação no rodapé da página ou próximo ao botão que leva ao pagamento.

Sempre que estiver em dúvida, vale a pena procurar informações sobre a empresa antes de fazer a compra. Se não for uma loja que você já conhece e da qual já é cliente, pergunte aos amigos, peça referências, procure no Google ou no ReclameAqui por reclamações sobre ela. Dê sempre preferência a ferramentas de pagamento já conhecidas e confiáveis, como o PayPal e o MercadoPago, e evite fazer transferências bancárias.

Dreibi ressalta, ainda, que o Facebook é um ambiente totalmente público em que é recomendável que se evite colocar informações pessoais - não apenas dados bancários, mas endereço, telefone, local de trabalho e afins - para que eles não sejam usados sem seu conhecimento ou mesmo contra você.

Fonte: Especial para Terra
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