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Projeto para criar arma de fogo em impressora 3D é abandonado

Impressão de armas de fogo em 3D é abandonada nos EUA

3 out 2012 - 12h49
(atualizado às 13h27)
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Um projeto americano de criar uma cópia eletrônica de um revólver foi abandonado após a empresa fabricante da impressora 3D - que permitiria a digitalização da arma - cancelar o aluguel da máquina. Em carta publicada no site Wiki Weapon, a Stratasys, que fabrica a impressora, informou que não permitia que seus produtos fossem usados para "fins ilícitos".

Desenvolvimento controverso de arma de fogo em uma impressora 3D foi abandonado
Desenvolvimento controverso de arma de fogo em uma impressora 3D foi abandonado
Foto: haveblue.org / Reprodução

A Defense Distributed, empresa pertencente ao grupo por trás do projeto, planejava compartilhar a cópia eletrônica 3D da arma na internet.Nos Estados Unidos, não há proibição legal para a fabricação de armas de fogo caseiras sem licença. O grupo levantou US$ 20 mil (R$ 40 mil) na internet para lançar o projeto Wiki Weapon. Inicialmente, a Defense Distributed planejava desenvolver uma cópia eletrônica 3D da arma sem partes removíveis.

"O projeto poderia muito bem mudar a forma como encaramos o controle de armas e seu consumo", dizia a proposta da organização. "Como os governos se comportariam caso, um dia, todo e qualquer cidadão pudesse ter acesso à fabricação de sua própria arma caseira na Internet?", questionava o grupo na descrição do projeto.

Recuo
O grupo, entretanto, não esperava pela negativa da fabricante das impressoras 3D. Em carta endereçada ao fundador da Defense Distributed, Cody Wilson, a Stratasys informou que tomou a decisão "com base na falta de uma licença para o porte de armas de fogo e nas declarações públicas de Wilson em relação às intenções de usar a impressora".

"A política da Stratasys não permite aos usuários utilizar seus produtos para fins ilícitos. Portanto, informamos que o aluguel da máquina Stratasys uPrint SE está cancelado". A empresa recolheu a máquina alguns dias depois do envio da carta.

"As leis americanas sobre a fabricação de armas de fogo precisam urgentemente ser revisadas para acompanhar a era da impressão 3D", afirmou Marc Goodman, presidente da Future Crimes Institute, entidade americana que pesquisa os novos rumos da criminalidade. "Há uma zona cinzenta na lei dos EUA e das dos demais países. A questão é: como controlar a tecnologia usada para fins ilícitos?", questionou Goodman.

"Nesse caso, o projeto era aberto e tentava provar um ponto. Fico bem mais preocupado com aqueles que, simplesmente, não divulgam suas reais intenções", alertou. Na avaliação de Goodman, a impressão 3D pode ser a principal arena no combate ao crime organizado e ao terrorismo. Segundo ele, não são só armas que poderão ser impressas eletronicamente.

"Será a próxima fronteira para o roubo do IP (Propriedade Intelectual). Imagine poder fabricar um relógio Rolex, bolsas Gucci e tênis Nike apenas com base em uma maquete virtual", afirmou.

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