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McAfee diz que fugiu de Belize e que não se entregará

4 dez 2012 - 13h15
(atualizado às 14h59)
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John McAfee, o guru norte-americano do software antivírus, declarou que deixou Belize, no Caribe, onde a polícia quer interrogá-lo sobre o assassinato de um vizinho, e que não pretende se entregar.

John McAfee disse que está fora de Belize em entrevista à Reuters
John McAfee disse que está fora de Belize em entrevista à Reuters
Foto: Reuters

"Não estou em Belize, é tudo que vou dizer", disse McAfee à Reuters, de um local não identificado, segundo a agência. "Todos os países que fazem fronteira com Belize, por motivos políticos, financeiros e jurídicos, são bem parecidos com Belize, e nosso plano é... chegar a um país seguro."

Em seu blog, ele disse nesta terça-feira que está na Guatemala, onde vai procurar as autoridades locais. Mais cedo, ele negou que estivesse no país, alegando ter alterado as coordenadas geográficas presentes numa foto digital que tirou com jornalistas.

McAfee está foragido há três semanas, desde que a polícia de Belize anunciou que desejava interrogá-lo por "possível envolvimento" no homicídio do norte-americano Gregory Faull, com quem McAfee se desentendeu.

McAfee, 67, diz acreditar que as autoridades de Belize o matariam se ele se entregasse para interrogatório. O primeiro-ministro de Belize nega a alegação e definiu o norte-americano como paranoico e "maluco".

"Eles mataram muitas pessoas que se entregaram. O último foi um cavalheiro... que se entregou. Estava sendo procurado apenas para interrogatório. Ele foi algemado com as mãos às costas e levou 14 tiros", disse McAfee.

"Disseram que apanhou uma arma e tentou fugir, mas estava cercado por uma dúzia de policiais. Não imagino que tivesse muita chance, e era um homem inteligente. Por isso, não pretendo me entregar", disse.

Os moradores de Ambergris Cave, a ilha caribenha em que McAfee mora, e outras pessoas o descreveram como homem excêntrico e impulsivo que abandonou uma carreira de sucesso como empresário nos Estados Unidos para viver em reclusão parcial em Belize, um pequeno país centro-americano que no passado foi refúgio de piratas.

Ele vem atualizando seu blog, www.whoismcafee.com, durante a fuga, e diz que está em companhia de dois jornalistas da revista Vice e de uma mulher chamada Sam.

McAfee conta no blog que enviou um dublê à fronteira entre Belize e o México para ajudar a enganar as autoridades.

"Meu dublê, com passaporte norte-coreano em meu nome, foi detido no México por delitos pré-planejados", afirmou McAfee no blog. "Mas a indiferença das autoridades o levou a ser libertado, e por isso ele não pôde servir ao nosso plano. Já deixou o México em segurança."

Policiais de Belize dizem que McAfee continua foragido e estão à sua procura. "Acreditamos que ele continue aqui, em algum lugar do país", disse Raphael Martinez, porta-voz da polícia.

McAfee criou a McAfee Associates em 1989 e vive em Belize há quatro anos.

Nesta terça-feira, ele publicou no blog pedido de desculpas pelos acontecimentos dos últimos dias e afirmou que está na Guatelama e que iria se encontrar com autoridades guatemaltecas. Ele prometeu uma entrevista coletiva à imprensa na quarta-feira.

Entenda o caso

John McAfee é o principal suspeito do assassinato do expatriado americano Gregory Faull, seu vizinho em San Pedro, Belize, país da costa nordeste da América Central, ao lado do México e da Guatemala. Faull foi encontrado morto com um tiro na cabeça na noite do dia 10 de novembro em sua casa. A polícia procurou McAfee no domingo (11) para interrogatório, mas ele se enterrou em um buraco na areia da praia, de onde observou a movimentação policial por 18 horas, e escapou dos agentes.

Para continuar fugindo da polícia, McAfee também pintou o cabelo. Ele permanece escondido. De acordo com o jornal El País, o milionário anda armado como um mercenário em Belize. Desde que iniciou sua fuga, McAfee acusou ex-funcionários de planejarem incriminá-lo e matá-lo e, numa entrevista, negou ser paranoico.

Segundo McAfee, que vem relatando sua fuga em um blog, ele está 'na mira' das autoridades desde que se negou a fazer uma contribuição a um político local. Em abril deste ano, ele teve sua casa em Belize invadida por policiais, que encontraram um laboratório de química, US$ 20 mil e um estoque de armas de fogo. McAfee chegou a oferecer US$ 25 mil como recompensa para quem provar sua inocência. Em 2010, McAfee vendeu para a Intel a empresa que criou em 1980. Desde então, não tem mais participação na companhia, que ainda leva seu nome.

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