John McAfee consegue na Justiça continuar na Guatemala
O pioneiro do software John McAfee, que pode ser deportado da Guatemala a Belize para responder ao interrogatório sobre a morte de um vizinho, conseguiu ganhar tempo por meio de recursos judiciais, anunciou o governo guatemalteco.
Os advogados de McAfee recorreram a um tribunal guatemalteco para ele permanecer no país até que um recurso contra o pedido de deportação para Belize seja julgado, o que pode demorar meses.
"O governo da Guatemala respeita os tribunais e temos de esperar que tomem a decisão", disse o porta-voz do governo guatemalteco, Francisco Cuevas. O governo inicialmente havia anunciado que o deportaria de imediato, depois de rejeitar o pedido de asilo de McAfee, na quinta-feira.
A Guatemala deteve na quarta-feira o norte-americano que fez fortuna com software no Vale do Silício por ter ingressado ilegalmente no país com a namorada de 20 anos. As autoridades de Belize querem interrogar McAfee por "possível envolvimento" no assassinato do norte-americano Gregory Faull, vizinho dele em Ambergris Cave, uma ilha no Caribe.
O tribunal tem até 30 dias para decidir quanto à petição, mas os advogados de McAfee preveem uma decisão favorável ao norte-americano já nesta segunda-feira.
"Estamos apresentando recursos ao tribunal para que permitam que eu fique no país por tempo suficiente para que o mundo perceba a injustiça de me enviar de volta a Belize", disse McAfee em uma entrevista coletiva online na noite de domingo.
McAfee estava foragido da polícia de Belize há quase um mês, alegando ter medo de que o matem e que está sendo perseguido por protestar contra o partido governante do país. O primeiro-ministro de Belize rejeitou as alegações, chamando o norte-americano de paranoico e maluco.
O advogado de McAfee, Telesforo Guerra, disse que, se a petição ao tribunal for bem-sucedida, o norte-americano poderia ficar no país até que os processos em que está envolvido tenham uma conclusão.
Entenda o caso
John McAfee é o principal suspeito do assassinato do expatriado americano Gregory Faull, seu vizinho em San Pedro, Belize, país da costa nordeste da América Central, ao lado do México e da Guatemala. Faull foi encontrado morto com um tiro na cabeça na noite do dia 10 de novembro em sua casa. A polícia procurou McAfee no domingo (11) para interrogatório, mas ele se enterrou em um buraco na areia da praia, de onde observou a movimentação policial por 18 horas, e escapou dos agentes.
Para continuar fugindo da polícia, McAfee também pintou o cabelo. No dia 4 de dezembro, ele chegou à Guatemala, onde pede asilo político. Ele cruzou a fronteira entre os dois países ilegalmente acompanhado da sua noiva. De acordo com o jornal El País, o milionário andava armado como um mercenário em Belize. Desde que iniciou sua fuga, McAfee acusou ex-funcionários de planejarem incriminá-lo e matá-lo e, em uma entrevista, negou ser paranoico.
Segundo McAfee, que vem relatando sua fuga em um blog, ele está 'na mira' das autoridades desde que se negou a fazer uma contribuição a um político local. Em abril deste ano, ele teve sua casa em Belize invadida por policiais, que encontraram um laboratório de química, US$ 20 mil e um estoque de armas de fogo. McAfee chegou a oferecer US$ 25 mil como recompensa para quem provar sua inocência. Em 2010, McAfee vendeu para a Intel a empresa que criou em 1980. Desde então, não tem mais participação na companhia, que ainda leva seu nome.