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Nuvem democratiza o acesso a tecnologias da informação

5 dez 2012 - 07h39
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A expansão da computação em nuvem tem contribuído para a melhora na qualidade e na confiabilidade de serviços oferecidos por empresas e governos em países emergentes. A conclusão é do estudo

Estudo vê nuvem como fundamental para a competitividade de empresas na nova economia de serviços
Estudo vê nuvem como fundamental para a competitividade de empresas na nova economia de serviços
Foto: Shutterstock
Desvendando os benefícios da cloud computing para economias emergentes - uma visão política

, produzido pelos professores Peter Cowhey e Michael Kleeman, da Escola de Relações Internacionais e Estudos do Pacífico da Universidade da Califórnia, San Diego (UCSD). Em entrevista, Cowhey, que é PhD em Ciência Política, aponta a falta de oferta de conexão banda larga em algumas regiões e políticas governamentais que retardam o uso do potencial da nuvem como os principais desafios a serem superados. O estudo avaliou os casos da Índia, da África do Sul e do México - no último, a qualidade e a confiabilidade dos serviços sociais do governo aumentaram consideravelmente, enquanto os custos foram reduzidos, comenta o professor. Confira a entrevista:

Terra - Por que a nuvem é um ponto central para o próximo estágio de transformação da economia mundial?

Peter Cowhey - A nuvem democratiza o acesso a tecnologias avançadas de informação. Você não precisa comprar seu próprio computador. Você usa a capacidade computacional mais avançada do mundo assim como usa eletricidade: pagando pela quantidade utilizada, quando você utiliza. E, ainda mais importante, a nuvem torna fundamentalmente mais barato e fácil criar serviços de informação e aplicações para beneficiar consumidores e empresas.

Terra - Como uma estrutura eficaz de computação em nuvem pode estimular a economia de um país?

Peter Cowhey - Ela fundamentalmente diminui o custo da tecnologia da informação (de 35% a 65% para negócios pequenos) e torna mais fácil inovar, porque é mais fácil criar novas informações e serviços de aplicações. A nuvem também aumenta a motivação econômica para acelerar o desenvolvimento de conexões banda larga, uma vez que isso faz crescer a demanda por dados, um ponto-chave para a obtenção de capacidade de banda larga em áreas rurais.

Terra - Por que essa tecnologia é tão importante para países emergentes? Como eles podem se beneficiar com isso?

Peter Cowhey - Economias emergentes têm uma participação crescente no comércio mundial (as negociações Sul-Sul representam hoje mais de 40% do comércio mundial), e há fortes razões para acreditar que, assim como nos tradicionais países ricos, esse comércio vai tornar a troca de informações cada vez mais intensa. Por exemplo, produtos manufaturados estão se tornando mais dependentes de informações sofisticadas, tanto para a criação quanto para logística, e a principal proposta de valor a ser adicionado se baseia cada vez mais em softwares. Os serviços também irão desempenhar um papel maior nos comércios do Brasil. A nuvem é fundamental para ser competitivo na nova economia de serviços.

Terra - Por que a nuvem é tão importante para ajudar empresas a serem mais competitivas?

Peter Cowhey - Pense em um pequeno empresário que não tem como investir em seu próprio sistema computacional. Pense em uma companhia de software que pode oferecer seu produto globalmente, com um serviço completo de suporte, imediatamente e de forma barata.

Terra - Nesses países, o governo e a população estão dispostos a adotar a computação em nuvem? Há infraestrutura para oferecer essa tecnologia?

Peter Cowhey - Os governos podem adotar políticas que retardam a criação de infraestrutura de nuvem e de seu ecossistema de serviços de informação. No entanto, não há dificuldade nenhuma em prestar serviços na nuvem. Muitas empresas estão construindo infraestrutura para armazenamento em nuvem. A chave é permitir que ela opere como uma rede global. Existirão megacentros para nuvem e outros menores operando como uma rede global integrada de computação, para garantir a confiabilidade e atingir todo o potencial das economias.

Terra - Todos os países já têm acesso à computação em nuvem? Quais são algumas dificuldades em relação a isso?

Peter Cowhey - Todos os países têm acesso a serviços baseados na nuvem hoje em dia, mas eles podem não reconhecer isso. Google e YouTube são serviços habilitados na nuvem. Todas as três economias emergentes objetos de nosso estudo (Índia, México e África do Sul) têm uma dependência significativa em computação em nuvem, tanto para negócios quanto para operações governamentais. Todos contam com uma mistura de infraestrutura em nuvem com base dentro e fora do país. O maior desafio técnico é a ausência de conexões banda larga em alguns lugares. Serviços na nuvem para saúde são utilizados na África, por exemplo, mas eles não podem ser tão sofisticados porque dependem de celulares tradicionais para funcionarem.

Terra - Em economias emergentes, as tendências em computação em nuvem irão se espalhar mais lentamente do que em outros países?

Peter Cowhey - Eu acredito que pode ser justamente o contrário. Economias emergentes têm menos legado em infraestrutura computacional, então elas podem efetuar a transição para economias superiores por meio da nuvem de forma mais rápida.

Terra - Como a computação em nuvem irá expandir a inclusão intelectual, econômica e social no mundo?

Peter Cowhey - O Banco Mundial mostrou que a viabilização de conexões banda larga acelera o crescimento econômico. As companhias buscam perspectivas comprovadas de demanda antes de investir. A nuvem cria demanda por banda larga até mesmo em regiões rurais.

Terra - Adotar a computação em nuvem depende de uma política governamental?

Peter Cowhey - Nosso estudo sugere que os governos devem deixar que a nuvem seja desenvolvida em uma estrutura que permita a liberdade global para decisões de fornecedores sobre onde construir as instalações para a nuvem. Além disso, deve permitir o livre fluxo de dados entre fronteiras nacionais e incentivar um mercado competitivo para serviços habilitados para a nuvem. Isso pode parecer novo, mas Visa e MasterCard são exemplos de serviços baseados na nuvem que contam com um fluxo global de dados (para autorização de crédito e controle de fraude) e têm instalações computacionais em vários países para confiabilidade. Duas preocupações legítimas em relação a dados na nuvem são a garantia de privacidade e segurança da informação. Mais uma vez, o exemplo dos cartões de crédito sugere que nós podemos responder a essas preocupações sem restringir o crescimento da computação em nuvem. Políticas nacionais para privacidade e segurança devem operar dentro de uma estrutura global de princípios. Nós já temos princípios articulados pela Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico (APEC), pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD) e pelo Aspen Institute.

Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra
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