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Para analistas, futuro da Apple está seguro, apesar da morte de Jobs

6 out 2011 - 14h55
(atualizado às 16h38)
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A Apple perdeu sua grande estrela, Steve Jobs, artesão de seu sucesso espetacular, que morreu na última quarta-feira, aos 56 anos. No entanto, a maioria dos analistas acredita que a cultura que ele criou e os progressos realizados pelo grupo sob sua liderança vão sobreviver à sua morte.

"Steve foi uma personalidade de grande destaque e era um homem de negócios extraordinário", resumiu Van Barker, da empresa Gartner. "Contudo, a máquina não vai parar. Muitas das qualidades de Steve estão gravadas na cultura da Apple".

O trabalho de manter a Apple, uma das empresas mais bem-sucedida do mundo, será desafiador para Tim Cook, que está à frente da marca da maçã. Sua tarefa é suceder um homem carismático, que cofundou a companhia em uma garagem em 1976 e a transformou no primeiro grupo do mundo por sua capitalização de mercado.

Segundo analistas financeiros, as vendas do grupo de Cupertino (na Califórnia) deverão ultrapassar os U$ 100 bilhões (R$ 184,49 bilhões) até o final do mês de setembro.

Steve Jobs era conhecido por se envolver em todos os detalhes da concepção dos produtos de sucesso que, de maneira consensual, revolucionaram a informática, desde o computador Mac até o iPad.

"A Apple é sua herança, como a Disney é do Walt Disney e a GE do Thomas Edison. A cultura da inovação, de pensar de maneira diferente, de assumir riscos, vai sobreviver", afirmou Shaw Wu, analista da Sterne, Agee & Leach. "O desafio e a oportunidade que se apresentam agora para a Apple serão para manter esta cultura. A boa notícia é que Steve colocou em marcha uma equipe sólida", acrescentou.

Para os especialistas, se o sucesso futuro dos aparelhos gera poucas dúvidas, a questão agora reside em determinar a capacidade da companhia de continuar lançando novos "best-sellers", capazes de atrair os consumidores em massa para a Apple Store em todo o mundo.

Enquanto isso, a competição fica cada vez mais acirrada, tanto com os aparelhos que funcionam com o sistema Android do Google, como com os tablets lançados por todas as grandes empresas de informática.

Contudo, os investidores parecem confiantes: as ações do gigante da informática, que têm um valor de mercado de cerca de U$ 350 bilhões (R$ 645 bilhões) subiram nesta quinta-feira em Wall Street.

De licença médica desde janeiro, Steve Jobs deixou seu cargo no dia 24 de agosto, quando passou as rédeas de forma oficial a seu número dois, Tim Cook, funcionário da Apple desde 1998. Cook trabalhava para distribuir as fábricas, ajustar a distribuição e garantir que os produtos não encalhassem nos depósitos.

"Além da paixão, criatividade e o olho sagaz de Steve Jobs para captar os gostos dos consumidores, acreditamos que, com a equipe da Apple, ele construiu talentos sem igual e uma cultura de empresa que são a base do sucesso e da inovação do futuro", comentou Michael Walkley, da Canaccord.

Tim Cook teve na terça-feira seu batismo de fogo com o lançamento da nova geração de aparelhos multifuncionais iPhone, em uma apresentação que foi julgada como monótona por alguns observadores habituados aos "shows" de Steve Jobs.

"Com Jobs, nós pensaríamos que o iPhone 4S era melhor do que é na realidade. Neste caso, as pessoas saíram com a ideia de que ele é pior do que realmente é", declarou Rob Enderle, analista independente, para quem a Apple perdeu sua magia.

Durante a apresentação, Cook colocou-se em segundo plano depois de ter enumerado os sucessos já conquistados, deixando ao diretor de marketing, Phil Schiller, as explicações das funções do novo aparelho.

"No fim das contas, os consumidores não compram os produtos por Steve Jobs, mas pelo o que esses produtos podem fazer por eles", opina Tim Bajarin, da Creative Strategies.

Steve Jobs morre aos 56 anos

O cofundador e ex-presidente do conselho de administração da Apple morreu nesta quarta-feira aos 56 anos, vítima de um câncer no pâncreas que vinha tratando desde 2003. Perfeccionista, criativo, inovador e ousado, ele ajudou a tornar os computadores mais amigáveis e revolucionou a animação, a música digital e o telefone celular. Jobs marcou o mundo da tecnologia ao apresentar produtos como o Macintosh, o iPod, o iPhone e o iPad. Afastado da empresa desde 17 de janeiro para cuidar da saúde e sem prazo para voltar, o executivo renunciou ao cargo em 24 de agosto. "Sempre disse que, se chegasse o dia que eu não pudesse mais cumprir minhas funções e expectativas como CEO da Apple, seria o primeiro a informar. Infelizmente, esse dia chegou", dizia a nota à época.

A saúde de Jobs virou notícia em 2004, quando ele anunciou que passara por uma cirurgia para remover um tipo raro de câncer pancreático, diagnosticado em 2003, e que a operação fora bem-sucedida. Depois, em 2009, Jobs fez um transplante de fígado e ficou afastado da companhia que fundou ao lado do engenheiro Steve Wozniak por vários meses. Mesmo com as licenças, Jobs continuou ativo na tomada de decisões da empresa, chegando se reunir a portas fechadas com o presidente americano, Barack Obama, em fevereiro, e lançar o iPad 2, em março, surpreendendo ao subir ao palco para apresentar o produto.

Detalhes do estado de saúde de Jobs sempre foram um mistério. Uma fotografia que mostrava o executivo muito magro e com aparência debilitada (sobre a qual recaíram suspeitas de manipulação) foi publicada pelo site americano de celebridades TMZ dois dias após ele ter deixado o cargo de presidente-executivo da Apple. Em fevereiro, Jobs foi fotografado pelo jornal americano The National Enquirer na mesma clínica onde o ator Patrick Swayze, morto em setembro de 2009, recebeu tratamento para câncer de pâncreas.

Animação brinca com a rivalidade de Steve Jobs e Bill Gates:
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