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Spotify quer atingir "todas as pessoas na Terra" em dez anos

Empresa também acredita que é a solução para combater a pirataria

17 jul 2014 - 18h49
(atualizado às 18h51)
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Ainda em fase de testes no Brasil, o Spotify convidou os usuários que se inscreveram no site para analisarem o serviço antes do lançamento
Ainda em fase de testes no Brasil, o Spotify convidou os usuários que se inscreveram no site para analisarem o serviço antes do lançamento
Foto: Spotify / Divulgação

Lançado em maio no Brasil, o Spotify é um dos serviços de streaming de música mais populares atualmente, presente em 67 países. Antes de ser lançado no País, 400 mil brasileiros já usavam o aplicativo, e, embora não divulgue números ainda sobre o desempenho no Brasil, a empresa garante que o serviço está tendo um “crescimento incrível”.

A ambição da empresa é que o Spotify chegue a todos os países do mundo e atingir "todas as pessoas na Terra", segundo Gary Liu, diretor do Spotify Labs. Em entrevista ao Terra, ele também comentou sobre a influência da tecnologia no setor, o futuro da indústria da música e o combate à pirataria.

Terra - Como a tecnologia pode ajudar a divulgar a música?

Gary Liu - A tecnologia removeu completamente as barreiras da música, que costumava ser muito “física”. O que acontecia há dez, quinze anos, era que você tomava a decisão de comprar ou não um álbum baseado em uma música que escutava no rádio, e o álbum custava cerca de US$ 20. Hoje, você se apaixona por um artista e não precisa pagar para descobrir todas as suas músicas. A tecnologia possibilita que as pessoas escutem mais músicas e por muito mais tempo do que costumavam fazer. A música é móvel agora, onde quer que as pessoas vão, elas procuram música para qualquer atividade, e esta é a primeira mudança que a tecnologia trouxe. A segunda é que ficou incrivelmente fácil compartilhar uma música. No passado, era preciso gravá-las em fitas ou CDs, e o artista não ganhava nenhum dinheiro com isso. Agora, eu compartilho pelo Spotify, SoundClound, YouTube e o artista vai ganhar dinheiro pelos cliques. E, por fim, a tecnologia diminuiu dramaticamente os custos para um artista criar música e vendê-la. Antes, era preciso ir a um estúdio de gravação, ninguém tinha o próprio equipamento em casa...agora qualquer artista pode gravar músicas incrivelmente boas no próprio quarto ou garagem e divulgar no YouTube. Os artistas independentes podem vender sua música pelas redes sociais e se ela for boa, será descoberta por dez milhões de pessoas. Para atingir tanta gente, era preciso fazer uma turnê e vender CDs nos shows.

Terra - Qual é o futuro da indústria da música? E como você vê o Spotify em dez anos?

Gary Liu - Acredito que o formato que temos agora de streaming é tão pequeno e móvel e provavelmente é o formato que teremos por um bom tempo. Com ele, as pessoas têm acesso à música sem precisar possuir cada single, acho que o modelo atual é o futuro. O que acredito que vai mudar é que esta maneira de conseguir música se tornará a maneira dominante, o jeito que cada pessoa vai usar. O Spotify está em 67 países, espero que em dez anos esteja em cada país do mundo e que todo mundo na Terra tenha acesso a todas as músicas.

<p>Gary Liu, diretor do Spotify Labs, área da empresa que analisa os hábitos de uso do aplicativo pelos consumidores</p>
Gary Liu, diretor do Spotify Labs, área da empresa que analisa os hábitos de uso do aplicativo pelos consumidores
Foto: Divulgação
Terra - Em relação aos artistas, eles serão pagos da maneira que deveriam ou sofrerão algum tipo de crise?

Gary Liu - A indústria musical é altamente lucrativa, e por ter encontrado uma maneira de monetização, o Spotify encontrou um jeito que faz muito mais sentido aos artistas. Esta é a razão pela companhia ter sido criada, desde o começo queríamos criar um produto no qual o artista fosse pago. Retornamos à indústria US$ 500 milhões todo ano, e no último ano, foi US$ 1 bilhão, 70% da nossa receita é devolvida à indústria, e temos muito orgulho disso. Além disso, países como Suécia e Noruega reduziram a pirataria. Desde o nosso lançamento em 2008 na Suécia, o país teve 30% de redução na pirataria, e esperamos ver isso em todos os lugares do mundo, nosso objetivo é e sempre será ajudar os artistas a serem pagos, e acredito que estamos acelerando essa mudança.

Terra - Você pode explicar o papel do Spotify Labs? Vocês têm dados sobre os hábitos dos usuários?

Gary Liu - Nós realmente olhamos como os consumidores usam nossa plataforma para construir um produto melhor, desenvolver novas funções. O que sabemos é que as pessoas escutam muita música, seja no computador ou celular, a média é de 147 minutos de música por dia, o que são mais de duas horas e meia. E nessas horas, elas escutam diferentes tipos de música, não apenas um estilo. Por exemplo, quando elas acordam, escutam um estilo diferente do que quando estão trabalhando ou quando estão em casa recebendo amigos para uma festa. Entender quais atividades elas estão fazendo, em qual humor estão é importante para que possamos ajudá-las a criar uma playlist única onde quer que estejam. Sabemos que, à tarde, os usuários procuram música para se concentrar, e essa é uma das funções que estamos trabalhando.

Terra - Você pode explicar melhor essa funcão?

Gary Liu - Na verdade é um recurso que já existe. Ao abrir o aplicativo, na seção “navegar”, o usuário encontra uma seleção organizada por profissionais baseada em seu humor e atividade. Agora, se ele navegar por lá em diferentes momentos do dia, a seleção muda. Dessa forma, usamos os dados para compartilhar melhor as músicas, trabalhamos com predição para descobrir o que é mais útil.

Terra - Existe algum estilo de música que é preferido pelos usuários do Spotify? Há dados também sobre o consumidor brasileiro?

Gary Liu - Temos todos os dados de todos os usuários, todas as músicas catalogadas - são cerca de 30 bilhões de faixas. Também adquirimos uma empresa chamada Echo Nest no início do ano, que é a melhor empresa de dados de música, que nos ajuda a lembrar quais músicas um usuário gosta e suas preferências. Ainda não estamos preparados para divulgar os dados do Brasil, porque o lançamento no pais é muito recente, mas com certeza teremos em uns dois meses.

Terra - Como você vê a concorrência com outros aplicativos, rádios online e plataformas de vídeo como Youtube?

Gary Liu - O Spotify é um produto único, porque temos a funcionalidade a qualquer hora, em qualquer lugar, não existe outro produto como ele no mercado. Alguns oferecem somente um tipo de música, em um tipo de dispositivo, ou não permitem criar playlists, e o Spotify tem tudo isso. Internamente, focamos muito na pirataria, é nosso principal concorrente.

Terra - Qual seria a solução para combater a pirataria na internet, onde é fácil baixar músicas de graça por torrent, por exemplo?

Gary Liu - No final das contas, a pirataria é uma questão de conveniência, porque é grátis. O Spotify é a solução, porque praticamos o mesmo preço - ou seja, de graça -, e oferecemos todas as músicas do mundo da maneira que você quiser. Para baixar pirata, é preciso encontrar um website que seja seguro para fazer o download de álbuns. No Spotify, é mais fácil, você não precisar passar por isso, só precisa literalmente digitar no campo de busca e clicar para ouvir, tudo de graça.

Terra - Como é a relação do Spotify com as grandes gravadores e com os selos independentes?

Gary Liu - Nos orgulhamos da nossa relação com as gravadoras, temos um relacionamento muito forte, e desde sempre queríamos fazer as coisas do jeito certo, usando a música legal. Como somos transparentes com o quanto de dinheiro ganhamos, elas confiam em nós. Com as indies, trabalhamos muito para tornar um artista mais visível, temos uma equipe que só lida com os artistas e gravadoras, para que eles saibam como tirar vantagem das novas tecnologias, aumentar o alcance de sua obra e, eventualmente, ganhar mais dinheiro. Além disso, antes de lançar o serviço em qualquer país, fazemos questão de alcançar a música nativa, e conversamos com gravadoras independentes em todos os países para que seus artistas sejam representados em nossa plataforma.

Fonte: Terra
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