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Sucesso de IPO do Alibaba deve ajudar futura listagem da Cnova nos EUA

16 set 2014 - 13h59
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A badalada listagem do gigante chinês de comércio eletrônico Alibaba no mercado acionário norte-americano deverá beneficiar o plano de abertura de capital da Cnova, empresa que reúne operações de varejo online do Grupo Pão de Açúcar (GPA) e do seu controlador francês Casino.

A avaliação é de fontes do mercado financeiro, algumas com conhecimento direto da operação, além de especialistas em e-commerce consultados pela Reuters às vésperas da precificação da oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) do Alibaba, que ocorrerá nesta semana.

Apesar do vultoso tamanho da oferta do Alibaba, que pode movimentar mais de 22 bilhões de dólares na bolsa de Nova York, um executivo de banco de investimento disse à Reuters que a operação acaba jogando luz sobre o setor, mais ajudando do que atrapalhando o lançamento de outros IPOs na área.

"Tudo leva a crer que (o Alibaba) vai fazer a operação com sucesso", afirmou ele.

"Isso naturalmente vai trazer uma capacidade de reciclagem de dinheiro. O pessoal ganha dinheiro (com o IPO do Alibaba), vende um pouco e entra em outros negócios. Você está vendo muita gente se mexendo justamente por causa do Alibaba. Ele é âncora e vai descarregar o resto da turma", acrescentou.

A Cnova combina os sites do Extra, Casas Bahia e Pontofrio, operados pela Nova Pontocom, com os endereços online da Cdiscount, do Casino, na França, Colômbia, Tailândia e Vietnã.

Segundo duas fontes do mercado financeiro familiarizadas com os planos da Cnova, o IPO da empresa na Nasdaq deve ser feito entre o fim deste ano e início de 2015.

"O momento não poderia ser melhor", disse uma das fontes, que falou sob condição de anonimato, explicando que a oferta do Alibaba aumentará as referências de valor para o setor, dando parâmetros para o cálculo do IPO de Cnova, movimento que já tinha ganhado força com a listagem da também chinesa JD.com nos EUA, em maio.

Em relatório recente sobre o assunto, os analistas Fabio Monteiro e Thiago Andrade, do BTG Pactual, estimaram que a oferta da Cnova sairá com um desconto em relação às empresas chinesas JD.com e Alibaba e à norte-americana Amazon.

Ainda assim, eles esperam que a listagem da Cnova represente uma criação de valor "relevante", adicionando potencial de alta de até 18 por cento para a ação do GPA e de até 31 por cento para o papel da Via Varejo, principais sócias da Nova Pontocom com cerca de 96 por cento do seu capital.

FRISSON

Maior varejista do Brasil, o GPA anunciou em maio que pretendia combinar os negócios da sua controlada Nova Pontocom com as atividades de varejo online do Casino em uma companhia ainda sem nome, que deveria ser listada nos EUA.

No mês seguinte, a já batizada Cnova pediu registro na Securities and Exchange Commission (SEC). Na última atualização do documento submetido ao regulador do mercado de capitais norte-americano, a companhia informou vendas líquidas de 2,1 bilhões de dólares no primeiro semestre, período em que teve um prejuízo líquido de 54,7 milhões de dólares.

A planejada abertura de capital da Cnova nos EUA --investida que deverá financiar sua expansão, inclusive para novas geografias-- ganha força em um momento de frisson para o setor de tecnologia no mercado de capitais.

Um estudo da PwC indica que durante o primeiro semestre de 2014 houve mais negócios concluídos e dólares levantados em IPOs de tecnologia do que em todo o ano de 2013 --marcas que ainda devem ser catapultadas no ano pela abertura de capital do Alibaba.

Após ter lançado a operação na semana passada, o titã chinês registrou em dois dias demanda suficiente dos investidores para cobrir toda a oferta. Diante da procura, a companhia elevou a estimativa de preço por ação para entre 66 e 68 dólares, frente à faixa inicial de 60 a 66 dólares.

O IPO, que já estava posicionado para ultrapassar a oferta do Facebook como maior listagem de tecnologia da história, poderá superar a abertura de capital do Banco Agrícola da China de 22,1 bilhões de dólares, em 2010, como maior IPO do mundo.

Na visão da diretora de pesquisas da consultoria especializada em tecnologia Forrester, Zia Wigder, o IPO do Alibaba não ameaça imediatamente a atratividade para os investidores de outras empresas de comércio eletrônico com operações fortes em países onde a empresa chinesa não é dominante.

No Brasil, o Alibaba traduziu seu site Aliexpress para o português. Em julho, assinou um memorando de entendimento com os Correios com o objetivo de ajudar empresas brasileiras, especialmente as menores e médias, a acessar o mercado chinês por meio de suas plataformas. Esses movimentos não representam, por ora,uma ameaça significativa ao crescimento da Nova Pontocom.

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