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Texto em blog rende a autor contrato em Hollywood

2 jul 2013 - 08h07
(atualizado às 08h24)
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Em 31 de agosto de 2011, James Erwin, um americano de Iowa e escritor de livros técnicos e manuais de tecnologia, resolveu aproveitar o seu intervalo de almoço para responder a uma pergunta postada por um usuário do Reddit, um misto de rede social e blog colaborativo no qual usuários divulgam conteúdos diversos, enquanto outros podem votar favoravelmente ou contra o conteúdo compartilhado.

Erwin, que já havia escrito uma enciclopédia sobre o Império Romano, respondeu a uma pergunta em que um usário indagava se um batalhão de marines dos Estados Unidos que viajasse no tempo seria capaz de destruir todo o Império Romano.

A série de pequenas histórias assinadas por Erwin, intiulada Rome Sweet Rome, um relato detalhado da missão americana após sua viagem no tempo, em poucas horas havia sido avaliada favoravelmente por milhares de usuários do Reddit.

Passadas mais algumas horas, ele foi contactado por empresários de Hollywood para transformar seu post em um roteiro de cinema, um desfecho tão inusitado quanto a premissa da história assinada por ele.

"Não escrevi pensando em Hollyood. Quando criei a história, pensei: 'bem, vou escrever isso aqui para outros nerds. E depois volto para o trabalho'. E foi assim que aconteceu."

"Mas algumas horas depois, percebi que a coisa estava ficando extremamente popular. A cada nova postagem, era um verdadeiro frenesi. Dias mais tarde, um dos produtores de 300 de Esparta entrou em contato com meu empresário e disse: 'Eu quero trabalhar com esse cara'."

Um mês depois, Erwin havia assinado um acordo com a Warner Bros. para transformar sua história em um roteiro de longa-metragem.

De lá para cá, o projeto evoluiu bastante. No ano passado, ele deu início ao segundo tratamento do roteiro. Mas agora com a colaboração de um outro roteirista.

Para muitos dos "outros nerds" que inicialmente saudaram o feito de Erwin, a evolução do processo mostrou que Hollywood acabou levando a melhor.

'Você se vendeu'

"Sempre haverá alguém apontando o dedo e dizendo que você se vendeu. Mas quando se trabalha em uma empreitada desse porte, com orçamentos de milhões de dólares, ao lado de um grande grupo de profissionais experientes, apaixonados e cheio de ideias fortes, sempre haverá a necessidade de se fazer concessões."

"Um filme é muito mais do que um cara escrevendo em uma mesa, com pleno controle de tudo. Se você pretende fazer um filme, você téra de colaborar com outros."

Agora, além do longa metragem, o autor também está escrevendo um livro. "Será uma obra de ficção científica, que falará de como coisas que estamos começando a ver hoje em dia, como inteligência artificial e viagens espaciais, também transformarão a nós mesmos", comenta.

Mais uma vez, Erwin pretende se valer dos recursos da Internet para impulsionar as suas chances de mercado.

"Nos próximos meses, eu pretendo financiar o livro por meio do Kickstarter", afirma, em referência à empresa criada em 2009 que utiliza doações em seu site para financiar projetos artítisticos diferentes, que vão desde filmes ou obas musicias, até projetos jornalísticos e video games.

Erwin acredita que empreitadas como a dele em breve se tornarão rotineiras. "Creio que a minha história será a primeira de muitas. Recentemente soube de algumas pessoas conseguirem se lançar como autores de livros a partir de histórias que escreveram no Reddit."

"Os estúdios tradicionais e as editores nunca irão desaparecer, porque eles contam com grande expertise. Mas os computadores põem muito poder nas mãos de um criador individual. Estamos vendo o surgimento de um verdadeiro efeito de rede. No futuro, os caminhos do crowdsourcing e os da mídia tradicional irão se misturar mais e mais", comenta, em referência ao modelo de produção em rede que usa ações de voluntários na Internet para criar conteúdo, financiar projetos ou desenvolver novas tecnologias.

O processo criativo, diz ele, será profundamente afetado por esses novos modelos, que farão com que os artistas do futuro tenham um perfil radicalmente diferente dos ídolos do passado.

"Acredito que os dias em que um único artista conseguia capturar a atenção de uma nação inteira, como Elvis, Michael Jackson ou Stephen King, estão encerrados. Vamos ver o surgimento de cada vez mais canais, de diferentes audiências e de diferentes formas de alcançá-las", afirma.

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