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TIM precisará ser vendida no Brasil, mas há comprador?

24 set 2013 - 18h34
(atualizado às 18h34)
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Grandes grupos internacionais de telecomunicações sem presença no Brasil poderão ter a chance de desembarcar no país em grande estilo, já na vice-liderança no segmento de telefonia móvel, com a aquisição da TIM Participações. Mas eles estão interessados?

A expectativa de venda da TIM ganhou força após a espanhola Telefónica aumentar nesta terça-feira sua fatia na Telecom Italia. A Telefónica poderá, no ano que vem, chegar a uma participação de 100 por cento na holding Telco, que controla a Telecom Italia.

A Telefónica já é dona no Brasil da operadora móvel Vivo, líder de mercado, enquanto a Telecom Italia é acionista majoritária da TIM Participações, segunda maior em número de linhas móveis no país.

O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, afirmou que a TIM terá que ser vendida se a Telefónica de fato assumir o controle da Telecom Italia, pois o grupo espanhol não poderá ter o controle de duas operadoras concorrentes no Brasil.

Bernardo disse ainda que a alienação não poderá ser para outros grupos que operam no país --Oi, Claro ou Nextel.

A possibilidade de a TIM ser vendida levou a ação da empresa a disparar quase 10 por cento no pregão desta terça-feira na bolsa paulista, contra queda de 0,31 por cento do Ibovespa.

Além de resolver o embate antitruste e regulatório no Brasil, a venda da TIM no Brasil é vista como uma solução para o alto endividamento da Telecom Italia, segundo analistas.

"O cenário é de venda da TIM para uma quarta operadora, que não seja Oi, Vivo e Claro", disse a equipe de análise da corretora Ativa. "O maior problema nessa venda é que, no cenário atual das empresas de telecomunicações, não encontramos muitos 'players' dispostos a entrar no mercado brasileiro", acrescentou.

O analista Allan Nichols, da MorningStar Equity Research, avalia que uma solução seria a venda da TIM para uma empresa como Vodafone ou DirectTV, mas ele também faz ressalvas sobre o potencial interesse no ativo brasileiro.

"Apesar de a Vodafone ter dinheiro suficiente, após vender sua fatia na Verizon Wireless, a empresa nunca operou na América Latina e não achamos que queiram entrar nesse mercado", escreveu Nichols, em relatório. "Já a DirectTV tem algumas operações no Brasil que iriam se complementar com as da TIM, mas também não achamos que a empresa gostaria de se comprometer dessa forma."

Na opinião do presidente da consultoria Teleco, Eduardo Tude, a Telefónica irá primeiramente tentar convencer a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) de que, apesar de ter aumentado a participação na Telco e, consequentemente, na Telecom Italia, continuará não influenciando a gestão da TIM Participações.

"A empresa já fez isso no passado, ofereceu garantias em 2007", disse o especialista, lembrando da entrada da Telefónica na holding Telco como sócia minoritária alguns anos atrás.

Para ele, as discussões sobre os impactos da operação no Brasil serão longas com as autoridades. "Até ser aprovado e discutido pela Anatel, é coisa de um ano", estimou Tude.

A Telefónica anunciou pela manhã um acordo de cerca de 860 milhões de euros (1,2 bilhão de dólares) envolvendo ações e dinheiro para aumentar sua fatia na Telco. Através de uma complexa série de transações, a Telefónica só assumirá o controle total da Telco --e, portanto, da Telecom Italia-- se receber a aprovação de reguladores antitruste.

A Vivo tinha em julho quase 29 por cento da base de assinantes de linhas móveis no Brasil, segundo dados mais recentes da Anatel. A TIM, em seguida, aparecia com pouco mais de 27 por cento. Juntas, elas teriam 149,3 milhões de usuários, ou 56 por cento de market share.

Procurada pela Reuters sobre as implicações dos eventos societários em sua controladora italiana, a TIM Participações não quis comentar o assunto.

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