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Três dicas para descobrir se uma notícia é falsa

17 nov 2016 - 16h46
(atualizado às 17h07)
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Uma das falsas notícias afirmava que Trump teria nascido no Paquistão
Uma das falsas notícias afirmava que Trump teria nascido no Paquistão
Foto: Neo News / BBC News Brasil

"Donald Trump nasceu no Paquistão."

"Yoko Ono teve uma relação amorosa com Hillary Clinton nos anos 70."

Essas são algumas das "notícias" inverídicas que circularam pela internet e acabaram compartilhadas por milhares de leitores nas redes sociais.

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E elas não são as únicas: uma série de informações falsas ganhou repercussão enorme nos últimos tempos.

A frequência com que apareceram e a velocidade com a qual se propagaram durante a campanha eleitoral nos Estados Unidos, por exemplo, deixou muita gente preocupada.

Mas afinal de contas, como, no meio de tanto ruído, saber o que é real e o que é falso?

A resposta começa por fazer as perguntas certas:

1) Checar se a fonte é de confiança

Uma notícia falsa que teve muita repercussão recentemente dizia respeito a supostos vídeos transmitidos ao vivo pelo Facebook diretamente do espaço.

Eles foram compartilhados em páginas como Unilad, Viral USA, Interestinate e também em vários canais no YouTube.

Sim, as imagens eram reais. Mas não se tratava de uma transmissão ao vivo. Era uma notícia falsa.

Nem a página oficial do Facebook da Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos, nem a Estação Espacial Internacional - que poderiam estar relacionadas com as imagens - mencionaram as tais transmissões.

Segundo o World News Daily, Yoko teria admitido um romance com Hillary Clinton
Segundo o World News Daily, Yoko teria admitido um romance com Hillary Clinton
Foto: World News Daily / BBC News Brasil

2) Soa estranho demais para ser real? Desconfie

Uma "notícia" sobre um romance entre Yoko Ono e Hillary Clinton foi publicada na página World News Daily.

Segundo a publicação, o relacionamento teria começado no meio dos protestos contra a Guerra do Vietnã, durante a década de 1970.

O suposto romance teria continuado quando a artista japonesa se mudou para Nova York com John Lennon e enquanto a democrata estudava na Universidade de Yale, em Connecticut. E durado até que as duas "perdessem contato".

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A fonte? Supostas declarações que a viúva de Lennon teria feito durante uma apresentação no Museu de Arte Moderna de Los Angeles, que teriam "surpreendido jornalistas".

"Compartilhamos muitos valores sobre a igualdade de gênero e a luta contra a sociedade autoritária, patriarcal e machista", teria dito Ono.

Já a falsa notícia sobre o suposto nascimento de Trump no Paquistão, citada no início desta reportagem, foi divulgada pela rede de televisão paquistanesa Neo News.

O canal assegurava que o presidente eleito dos Estados Unidos teria nascido em uma família muçulmana no vale de Shawal, e não em Nova York. Além disso, o nome real dele seria Dawood Ibrahim Khan.

A "notícia" foi compartilhada por muitos usuários nas redes sociais, entre eles um jornalista - o correspondente do jornal The Atlantic Graeme Wood - e repercutiu em meios de comunicação em todo o mundo.

Vídeos que viralizaram não foram transmitidos em fontes oficiais como a Nasa - um grande indicativo de que a transmissão ao vivo era falsa
Vídeos que viralizaram não foram transmitidos em fontes oficiais como a Nasa - um grande indicativo de que a transmissão ao vivo era falsa
Foto: Nathan Williams-NEWSi / BBC News Brasil

A hipótese não fazia sentido algum - ela ironizava os comentários de Trump de que o presidente Barack Obama não teria nascido nos Estados Unidos.

Mas há casos em que é mais complicado distinguir a realidade da ficção.

Um exemplo são as informações falsas sobre as execuções que teriam sido ordenadas pelo líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un.

Alguns textos citavam penas cruéis e espantosas, como o que afirmava que o tio dele teria sido devorado por cachorros ou que ele teria disparado um canhão antiaéreo contra seu ministro da Defesa.

Por se tratar de um país tão fechado, a disponibilidade de acionar fontes para conferir os fatos é mais limitada.

Grande parte dessas informações foi emitida pelo Serviço Nacional de Inteligência da Coreia do Sul, conhecido pela sigla em inglês, NIS, e transmitida através da agência oficial de notícias Yonhap a vários veículos de mídia internacionais.

Depois, o próprio NIS desmentiu algumas dessas informações.

3) Verificar se a notícia pode ser checada

Existem páginas na internet, como a irlandesa FactCheckIn, que se encarregam de comprovar, de maneira independente, notícias e afirmações de políticos e de meios de comunicação. São conhecidos como sites de verificação de dados, ou fact-checking.

"Nosso desejo é promover um debate político que se baseie em cifras e dados, e não em estereótipos e preconceitos", explicam os responsáveis.

Outros exemplos são o Ojo Biónico, no Peru, ou a brasileira Agência Lupa.

Segundo o censo anual do Laboratório de Repórteres da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, esse tipo de projeto jornalístico aumentou muito em todo mundo entre 2015 e 2016, chegando a quase dobrar em quantidade.

Somente no último ano, surgiram sete novos projetos apenas na América Latina.

Sobre os grandes veículos de comunicação, comprometidos com a verificação de dados, como a BBC, é importante comprovar que a página é realmente aquela que você acredita que é.

Alguns sites ou páginas nas redes sociais são desenvolvidos para ter o mesmo visual da grande imprensa e são usados justamente para confundir os leitores.

No caso das redes sociais, você deve sempre observar se a página é verificada - elas contêm um selo azul ao lado do perfil.

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